terça-feira, 13 de maio de 2008

Gente

Mais um dia bem escuro, como negro de escuridão.
Revolta das revoltas, não fui feita com uma mão.
Foi preciso um universo, muito puro e sincero.
Foi preciso o azul do ceú, infinito espaço só meu.
Deixei no chão a marca de ter posto aqui os pés.
Levei no corpo a ferida, de uma luta sem revés.
Gente atrás de gente, como gente que habita aqui.
Vivem sempre tão colados, como cada um por si.
Até tu, eterna lua, não sabes onde estás,
não te vejo, não me vês, mas sei que cobrarás
toda a presença que foste, és e sempre serás.
Nestes passos que hoje dou, não me sinto acompanhada.
De costas voltadas para a gente, porque as minhas estão cansadas.
Abri o peito uma vez e não há duas sem três.
Negaram-se a mim sem porquês, sem crer no que sou.
Menosprezada por vocês, hoje sou mais pelo que dou.
Fizeram-me assim transcendente, por volta e meia da gente,
gente que me trocou, gente que não me quis como sou.
No canto da vida encosto-me ao direito,
por ser o que me acolhe e não por ser o perfeito.