quarta-feira, 6 de março de 2013

Desfasamento

De que são feitos os amores desfeitos?
Perdidos num tempo que não é o seu.
Procuro no vazio o estrago dos efeitos
de uma dor que só a mim doeu.
E continua a doer!
Uma dor que não me deixa esquecer.
Esquecer o tanto que te quis.
Esquecer o que não quis perder.
Esquecer que não estou feliz!
Sentir que o que fazemos é suposto.
Lutamos porque acreditar é normal.
Damos o que temos e recebemos o oposto,
com sabor a uma luta desigual.
Parece-lhes banal,
o quanto cegamos por quem não nos vê.
Nem eu consegui ver.
Mais uma história que não se lê
porque ninguém a quis escrever.
Quero sobreviver!

Cada parte do meu corpo que ainda tem o teu cheiro,
confunde-me os sentidos quando tenho que pensar em mim.
Sei que me tenho a mim primeiro,
mas nunca esquecerei que te quis assim.
Dei-te cada pedaço do que tinha por dentro.
Sem pensar, arranquei a minha alma.
Hoje respiro um ar de sofrimento
porque não sei gostar com calma.
São pessoas certas em momentos errados,
feridas abertas que já não saram.
São sonhos que tenho de olhos fechados.
São janelas que abriram e já fecharam.
São dores sobre as quais já me falaram.
Hoje sinto-as na pele,
estão agarradas a tudo o que me sobrou.
Fiz-me actriz principal sem papel
de uma história que não começou.
Talvez um dia a vida mude.
Talvez um dia o mundo gire ao contrário,
até lá, sei que fiz o que pude,
vivi a paixão de um amor imaginário!