domingo, 13 de abril de 2008

Escondida

Fingi-me de trapo, sem cor, um farrapo.
Entregue à mentira, da vida, do tempo,
de capa vestida escondo o desalento.
Momento tão longo, sem fundo, sem fim.
Lembrei-me do escuro e esqueci-me de mim.
Ainda recordo porque me fiz assim,
grito no choro, lágrimas de saudade,
engano da vida, ainda cheiro a verdade.
Perdi o sorriso, tão puro, tão meu,
guardei-o no bolso, cada um tem o seu.
Toco na ferida que sempre me doí,
embrulhada em percalços, que só me remoi.
Seca pelo medo, perdi a vontade,
mas não perco a esperança,
para que nada se estrague.
Recolhida na noite que é este peito,
contrario e aceito,não nego, respeito.
Erguer-me-ei novamente, quem sabe um dia,
mais forte, mais simples,
menos triste, menos fria.
Passo a passo trilho um caminho só meu,
com uma única vontade,
de voltar a ser eu.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Quem percebe?

Quem percebe o que é certo ou errado?
Quem percebe do que é feito o pecado?
Folhas gastas com tinta, em vão.
Amor, sonho escrito no vento,
com um leve sopro de ilusão.
Gasto-te no pensamento,
quero-te, queres-me, sinto, sente.
Vive nesta alma para sempre.

Não negues que me queres,
não negues que me sonhas,
não toques, não me imponhas.
Consome-me quando sentires.
Ama-me apenas quando vires,
que sou a tua respiração.

Bates neste coração, sonho que quero,
estico os dedos desta mão, desespero.
Grito-te aos ouvidos que és tudo,
limpo a recordação de um amor bruto.
Sabor a quase tudo, quase nada,
procura infinita ao que estou amarrada.

Vivo-te, vive-me, chora saudade,
choro-a eu também.
Lágrimas que me caiem de verdade,
por ser o amor da vontade.
Arranca-me a dor, sinto-a assim,
funde-te em mim.
Sussurra baixinho,
«quem percebe que amor é este?».
Sei que o sinto, que o quero.
Em palavras diferentes o escreveste,
com a certeza que só tu o leste.