quarta-feira, 12 de março de 2008

Vazia

Injectem-me amor no sangue,
façam-me bater o coração,
nada mais aqui habita,
nem uma simples emoção,
nem por ilusão,
não sinto,nada, tudo, isto ou aquilo,
deixei somente de senti-lo.
Em parte viva,
vazia por inteiro,
em parte existo,
perdi o meu próprio cheiro.
Ainda assim não desisto,
Não sei quanto tempo mais aguento,
ser apenas um corpo em desalento,
não pertencer a quem sente,
não ter um espaço no tempo.
Intervalo interminável,
que me torna cada vez menos visível,
estou a ficar transparente,
sem um único sentimento afável,
meigo, carinhoso, completo,
tornei-me num corpo descoberto,

aberto à dor,
a dor de não sentir,
a dor de não ter nada por dentro,
a dor de estar congelada,
num infinito sofrimento.
Tenho os olhos negros,
levaram-lhes a cor,
esgotados, cansados
mas ainda me pertencem,
nunca me foram roubados.
Vejo-me a preto e branco,
na espera do dia que voltarei a ter cor,
em que sentirei por encanto,
a felicidade ao meu lado,
um sorriso na minha vida,
triste como estou,
mas hei-de deixar de o ser.
Aprenderei a viver,
a amar sem querer,
até mesmo quando quiser,
tê-lo-ei sem saber,
tornar-se-á inconsciente.
Hoje carente,amanha radiante,
porque eu posso estar a morrer por dentro,
mas a esperança, antiga amiga,
incorpora-me a crença,
para que nunca desista,
mas que não insista,
impondo a sua presença,
o sentir vem por si só,
acredito nela, para que vença.
Um dia a apatia pertencerá ao passado,
rir-me-ei dela, como algo fracassado.
Um dia este eu desaparecerá,
serei então a minha pura essência,
não por mera coincidência,
mas por lutar, por acreditar,
que todos podemos ser felizes,
que o sol brilha para o mundo,
que no fundo,
é construído por todos nós,
onde nunca estamos sós,
porém é um mundo atroz,
mas que um dia sentirá o calor,
do que é viver um único amor.

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